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Você sabe como surgiram os cobogós, ou elementos vazados?

30/09/2016 15:48

Artefato genuinamente brasileiro surgiu na década de 20, em Pernambuco, e volta a fazer sucesso na decoração e construção

Grande sucesso nas décadas de 50 e 60, o cobogó voltou a ser utilizado na composição de ambientes, ganhando destaque especial. Sua principal característica é a versatilidade, podendo ser usado na divisão de ambientes para conferir privacidade, garantir a passagem de luz, formar um jogo sombra, permitir a ventilação, esconder alguns ambientes quando não se quer deixá-los totalmente à mostra e auxiliar no aproveitamento de espaços e na sensação de amplitude.

Para ambientes externos, o cobogó de concreto é o mais indicado pela sua resistência e facilidade de limpeza. Além de oferecer baixo custo de manutenção, é de fácil instalação e extremamente durável, tornando-se um grande aliado na economia de energia, pois filtra o sol e garante ventilação permanente.

Como surgiram os cobogós

O cobogó teve sua origem em Recife, Pernambuco, em 1929, graças ao alemão Ernest August Boeckmann, radicado na cidade, que em uma viagem à Índia descobriu uma boa oportunidade de ganhar dinheiro. Observando as treliças em madeira que eram utilizadas nas residências daquele país de clima tão quente quanto Pernambuco, ele voltou convencido de que as construções no Brasil deveriam ter elementos vazados que permitissem a circulação do ar.

Esses charmosos blocos vazados foram inspirados no muxarabi (Mashrabiya), elemento da arquitetura árabe, que são as treliças de madeira instaladas nas sacadas e janelas das casa com o intuito de permitir a abertura destas - sem, no entanto,  possibilitar que as mulheres fossem vistas da rua.

Com a forte referência do concreto, que era muito utilizado na Alemanha, Ernest percebeu que poderia adaptar o modelo das treliças árabes substituindo a madeira pelo cimento, e contou com a ajuda do sócio Amadeu Oliveira Coimbra e do engenheiro Antônio de Góis para viabilizar o negócio.

O nome cobogó, assim, foi escolhido pelos seus criadores a partir das iniciais de seus sobrenomes: Amadeu Oliveira Coimbra, Ernest August Boeckmann e Antônio de es - CO-BO-GÓ.

Os empreendedores lançavam mão de fôrmas de ferro como moldes, preenchiam com areia e cimento e fabricavam os cobogós a preços baixos, mas, com o passar do tempo, este método de produção precisou ser aperfeiçoado para oferecer mais resistência e melhor acabamento às peças. Hoje, apesar de também haver modelos batidos na máquina, os clientes continuam preferindo as peças artesanais produzidas a partir de fôrmas de ferro, preenchimento com concreto seco, vibrações e desmoldagem, garantindo um melhor acabamento.

Uma idéia simples e barata, que se popularizou rapidamente, passando, nos anos de 1940 e 1950, a ocupar também o interior das casas, servindo como divisória de ambientes. Adotado pela arquitetura modernista, esse recurso passou por mutações, sendo muito usado na construção de casas e prédios públicos de Brasília.

Apesar de ser criado em Recife, o cobogó foi difundido pelo arquiteto Lúcio Costa em referências sutis à arquitetura colonial, tornando-se um elemento compositivo importante da arquitetura moderna brasileira.

 

[Fontes: Votorantim; Wikipedia; Anual Design Brasil; ArchDaily]

 

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